03 maio 2017

Carta aberta a João Dória Júnior

Em trecho da carta aberta ao prefeito de São Paulo, Francisco Costa cita:
"Tudo em você é falso, postiço, pastiche, estudado, sustentado por mentiras, a começar pela fama de empreendedor, trabalhada pelos seus marqueteiros."

"João Dória
Eu deveria tratá-lo por Senhor e Excelência, pelo cargo que ocupa, mas não o farei, e por um motivo simples: não escrevo ao Prefeito, mas ao homem que, ao me chamar de vagabundo se despiu de toda e qualquer autoridade, dando-me o direito de tratá-lo da mesma maneira.
Eu o considero uma mutação, um ser que destoa das origens e dos semelhantes, por algum acidente genético, que no seu caso afetou o caráter.
Você é filho do deputado João Dória, fiel parceiro de Jango e Brizola, e que junto com os dois teve o mandato cassado logo no AI-1, com os três indo para o exílio.
É ditado nascido da sabedoria popular que quem sai aos seus não degenera e por isso o considero um degenerado, por estar no bloco dos que estão destruindo o que seu pai ajudou a construir.
Tudo em você é falso, postiço, pastiche, estudado, sustentado por mentiras, a começar pela fama de empreendedor, trabalhada pelos seus marqueteiros.
Você é descendente da família Costa Dória, de senhores de engenho e latifundiários baianos, escravistas, desde o império, cuja fortuna vem passando de geração a geração, sem pagar impostos. 
Empreendedor é o que vencendo adversidades cresce.
Você é filho de um deputado e de uma rica empresária, já nasceu rico e rico ficou, não veio de baixo, como os seus politicamente alienados eleitores acreditam.
Com que moral você chama um trabalhador de vagabundo?
A segunda falácia é a de que não é político.
Como é que alguém que nasceu num período politicamente turbulento, teve a infância vendo o pai fazendo política e adolesceu no exílio, filho de político profissional, vivendo a política 24 horas por dia, dentro de casa, pode se dizer não político?
Ainda que não quisesse ser, por condicionamento é.
Vivemos um tempo de medíocres, da mediocridade como regra e você é a forma bem acabada disso.
Tentando ser popular você é popularesco, usando o povo, investindo na alienação do povo, quando se veste de gari, pedreiro... Caricaturando a vítima do seu escárnio.
Você não é cavalheiro, sequer é educado. Ao receber uma flor de uma dama, o homem deveria se sentir lisonjeado, o político, gratificado, e o ser humano, reconhecido, mas você a jogou no chão, mostrando o caráter dos prepotentes, dos que nasceram ricos, viveram ricos e se julgam qualquer coisa mais por serem ricos, desprezando todos os que não são da sua classe social.
Você é uma lástima, sob todos os aspectos.
Assumiu o governo mandando destruir os grafites que humanizaram a cidade e viraram comentários elogiosos no exterior, sem respeitar os artistas, sem consultar ninguém; aumentou o limite de velocidade nas vias urbanas, aumentando o número de acidentes e vítimas, e agora quer transformar as ciclovias em vias mistas, para bicicletas e automóveis, gerando mais acidentes.
Sem ter muito o que fazer, já tendo experimentado tudo o que a fortuna permite, você se aventurou na política como quem se diverte, o que fica evidente nas suas atitudes e declarações, e parece que tomou gosto, agora ambiciona a presidência da república.
Já conferiu as pesquisas de intenções de votos? Repete-se no Brasil o que está acontecendo no mundo todo: os povos estão abandonando as soluções mágicas de aventureiros de elite e se apegando às velhas ideologias.
Veja a Europa e o resto do mundo: o planeta volta a se dividir, agora entre a esquerda moderada e a extrema direita, e num quadro assim o seu partido sobra, torna-se coadjuvante, assistente, amargando um quarto lugar.
Sente-se, para assistir Lula e Bolsonaro liderarem a corrida eleitoral, até o dia das eleições, quando, como o franceses, o brasileiro mostrará que tem juízo, dizendo não ao fascismo.
Continue a brincar de governar, divertindo-se, uma maneira de exercer a falta do que fazer, coisa de vagabundos.
Francisco Costa
Rio, 01/05/2017."


Recebido via WathsApp – Imagem> Google

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